Segundo a Gallup (2024), 41% dos trabalhadores no mundo relatam muito estresse no trabalho diariamente. A OMS e a OIT estimam que depressão e ansiedade custam US$ 1 trilhão/ano em perda de produtividade e mais de 12 bilhões de dias de trabalho perdidos. Já a OCDE calcula que transtornos de saúde mental podem representar até 4% do PIB dos países.
No Brasil, a síndrome de burnout foi reconhecida como doença ocupacional pelo Ministério da Saúde. E pela legislação atual NR-01 (GRO/PGR) e NR-07 (PCMSO) as empresas têm obrigação de identificar e mitigar riscos psicossociais: pressão por metas inalcançáveis, assédio, ausência de pausas, jornadas exaustivas.
👉 Não se trata apenas de “cuidar de pessoas”: trata-se de cumprir a lei, evitar passivos e proteger resultados.
🛑 Do cansaço ao colapso: o percurso silencioso
🟢 Cansaço → é natural, reversível com descanso.
🟡 Estresse ocupacional → aparece quando as demandas superam a capacidade de resposta; aqui surgem insônia, irritabilidade, lapsos de memória.
🔴 Burnout → é o ponto crítico: exaustão crônica, perda de sentido, distanciamento. Reconhecida como CID Z73.0, exige intervenção multiprofissional.
🧠 A neurociência mostra que o estresse crônico altera a conectividade entre amígdala e córtex pré-frontal, reduzindo a regulação emocional e o controle executivo.
Em burnout, exames de neuroimagem revelam redução de volume em áreas como o córtex cingulado anterior e o pré-frontal, ligadas à atenção e à tomada de decisão.
É literal: o cérebro do profissional muda sob estresse prolongado.
E não para aí: estudos de carga alostática confirmam que o estresse crônico impacta o corpo como um todo, aumentando riscos cardiovasculares e metabólicos. Há evidências robustas ligando job strain e desequilíbrio esforço-recompensa a doenças coronarianas e até diabetes tipo 2.
📊 Exemplos claros por setor:
🏭 Indústria
Turnos longos, ritmo intenso e baixa autonomia resultam em fadiga persistente e acidentes.
➡️ Empresas que implementaram pausas programadas e rodízio de funções registraram redução de queixas físicas e aumento de produtividade.
🛒 Comércio e Varejo
Metas agressivas e contato direto com clientes hostis geram ansiedade, gastrite e absenteísmo.
➡️ Adoção de políticas contra assédio e escalas previsíveis reduziram turnover em grandes redes.
💻 Serviços (call centers, tecnologia e finanças)
Operadores de call center submetidos a metas inatingíveis registram altos índices de afastamento.
Em tecnologia e bancos, a cultura do “sempre online” gera rotatividade elevada.
➡️ Pesquisas internacionais mostram que 17% dos profissionais de finanças relatam burnout, com impacto direto no custo anual por colaborador.
🏥 Saúde e Educação
Enfermeiros e professores estão entre os grupos mais vulneráveis.
➡️ Em hospitais, plantões excessivos levaram a surtos de afastamentos na pandemia.
➡️ Em escolas, sobrecarga administrativa resultou em casos crescentes de depressão reativa e burnout.
🏛️ Setor Público
Servidores sofrem com recursos escassos, burocracia e pressão política.
➡️ Sem programas estruturados de apoio, o resultado é o mesmo: absenteísmo alto e perda de eficiência no serviço prestado à sociedade.
💰 O impacto no caixa da empresa
Não é discurso humanista, é gestão de risco:
📈 A OMS calcula que cada US$ 1 investido em programas de saúde mental gera retorno de US$ 4 em produtividade.
📉 No Brasil, afastamentos por transtornos mentais estão entre os maiores custos do INSS.
⚠️ O presenteísmo (colaboradores presentes mas improdutivos) custa ainda mais caro do que o absenteísmo.
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📋 O que a NR-01 e a NR-07 exigem de você
✅ Inventário de Riscos (PGR): incluir fatores psicossociais.
✅ PCMSO: contemplar saúde mental, não apenas exames físicos.
✅ Monitoramento de indicadores: absenteísmo, turnover, atestados (CID F), clima organizacional.
✅ Capacitação de líderes: comunicação não violenta, prevenção de assédio, gestão de equipes sob pressão.
✅ Protocolos de retorno: acompanhamento clínico e psicológico de quem retorna após afastamento.
👉 Ignorar esses pontos não é apenas antiético. É ilegal e financeiramente insustentável.
🚀 O chamado à ação
Empresas que tratam a saúde mental como estratégia:
🔹 Reduzem custos trabalhistas,
🔹 Aumentam engajamento e retenção,
🔹 Fortalecem sua marca empregadora.
No mercado atual, saúde mental não é mais benefício. É indicador de performance.
Quem entender isso primeiro, liderará o futuro.
✍️ Ahlex Van der All
Diretor-Geral do Grupo AVDA
Especialista em Liderança, Gestão de Pessoas e Inteligência Estratégica