Por Ahlex All – Cientista Comportamental
O jeitinho brasileiro, tão romantizado na cultura popular, é um dos fenômenos sociais mais destrutivos para o desenvolvimento do país — e, sobretudo, para o avanço das empresas que tentam crescer em meio a um ambiente onde regras são tratadas como sugestões, contratos como convites e responsabilidades como favores negociáveis.
A verdade é dura, mas precisa ser dita: nenhuma organização — pública ou privada — prospera quando as pessoas acreditam que podem negociar princípios básicos de convivência, clareza e compromisso. E isso explica por que o Brasil, apesar de seu potencial extraordinário, permanece estagnado enquanto outras nações avançam.
POR QUE OS PAÍSES QUE FUNCIONAM RESPEITAM REGRAS
Os países que lideram os rankings de transparência, prosperidade, competitividade e governança — como Noruega, Finlândia, Japão, Alemanha, Dinamarca, Nova Zelândia e Reino Unido — compartilham um denominador comum: o respeito incontestável às normas que organizam a sociedade.
Na Nova Zelândia, contratos são cumpridos à risca, a transparência é regra e a confiança institucional é um ativo nacional.
Na Finlândia, o sistema educacional reconhecido mundialmente só existe porque as regras são claras e respeitadas desde a infância.
Na Alemanha, improviso não é visto como criatividade, mas como deficiência estrutural. O país construiu sua autoridade industrial com disciplina e previsibilidade.
No Japão, o atraso de um minuto no transporte público é considerado quebra de responsabilidade. Não por rigidez, mas por entendimento profundo de que a desordem custa mais caro que a disciplina.
Esses países florescem porque povos inteiros compreenderam que regra não oprime — regra liberta. Regra cria confiança, confiança cria segurança, segurança cria inovação.
O RIO DE JANEIRO: UM EXEMPLO AMARGO DO PREÇO DO JEITINHO
O Rio de Janeiro é um dos lugares mais belos do planeta, abençoado por natureza, talento e diversidade. Mas sofre com um colapso institucional que não nasceu nos morros — nasceu nos palácios.
Nas últimas décadas, praticamente todos os governadores do estado foram presos: Sérgio Cabral, Luiz Fernando Pezão, Anthony e Rosinha Garotinho, além de dezenas de políticos, assessores e empresários envolvidos em corrupção sistêmica.
Esta semana, mais um capítulo da tragédia: a prisão do presidente da ALERJ, novamente por crimes ligados à máquina pública.
E o resultado aparece no cotidiano: insegurança, desordem, despreparo administrativo e a sensação permanente de que o sistema vive em colapso.
O mais triste?
A vasta maioria da população carioca é trabalhadora, honesta, criativa e resiliente. Mas sofre por viver num ambiente onde a elite política transformou o jeitinho em modelo de gestão.
O problema nunca foi o morro.
O problema é o palácio.
EMPRESAS SOFREM DO MESMO MAL: A CULTURA DO “DÁ PRA MUDAR PRA MIM?”
Se o Brasil é o país do jeitinho, as empresas brasileiras são o palco onde ele se encena diariamente:
- funcionário que não cumpre horário, mas exige privilégio
- cliente que assina contrato e depois diz que “não leu”
- fornecedor que promete prazo e ignora o combinado
- gestor que rejeita processo, mas cobra produtividade
- empresário que confunde flexibilidade com bagunça
- negociações que começam claras e terminam em distorção
- profissionais que querem regra para o outro, mas exceção para si mesmos
Esse comportamento não é só irritante.
É caro. É improdutivo. É antiético. É antiempresarial.
Nenhuma empresa cresce sustentada pelo improviso.
Nenhuma cultura se fortalece se cada pessoa tenta criar sua própria regra.
Nenhum negócio prospera onde não há previsibilidade.
E isso explica por que tantas empresas brasileiras patinam enquanto concorrentes globais avançam com eficiência.
COMBINADO NÃO É CARO — COMBINADO É CIVILIZAÇÃO
A base de qualquer relação — empresarial, comercial, profissional ou institucional — é simples:
aquilo que é combinado deve ser cumprido.
E se não está claro, ajusta-se.
Se não está justo, renegocia-se.
Se não está adequado, revisa-se.
Mas depois que o profissional, o cliente, o fornecedor ou o parceiro aceita, assina ou confirma, o compromisso deixa de ser opinião e passa a ser responsabilidade.
A cultura do jeitinho tenta destruir esse princípio.
E enquanto o Brasil não superar essa mentalidade, continuará acreditando que é o “país do futuro”, sem jamais chegar ao presente.
O RECADO AO EMPRESÁRIO: O ALVO DA DESORDEM É VOCÊ
A desorganização cultural custa caro para todo mundo — mas quem paga o preço final é o empresário:
- desperdício de energia
- retrabalho
- desgaste emocional do time
- aumento de custos
- desgaste jurídico
- perda de produtividade
- quebra de confiança
- reputação comprometida
- clientes oportunistas
- fornecedores que não entregam
- funcionários que querem exceção, mas não entregam excelência
A cultura do jeitinho não destrói só o país.
Destrói a empresa.
Destrói o líder.
Destrói o faturamento.
Empresas de alta performance — Apple, Toyota, Google, Siemens, Microsoft, Samsung, Volvo, Unilever — operam sob regras claras, processos sólidos, contratos objetivos e responsabilidade inegociável.
Crescimento não nasce do improviso.
Crescimento nasce da maturidade.
CONCLUSÃO: REGRAS NÃO ENGESSAM. REGRAS SUSTENTAM.
A regra é a estrutura invisível que permite que empresas prosperem, cidades funcionem e países evoluam.
Jeitinho não é charme.
Jeitinho é atraso.
Jeitinho é infantilização coletiva.
Jeitinho é crise institucional disfarçada de esperteza.
Se o Brasil deseja dar o salto que tantas nações deram, precisa abandonar o vício cultural do atalho e abraçar a disciplina que constrói futuro.
O país muda quando o indivíduo muda.
A empresa muda quando o líder muda.
O mercado muda quando o combinado passa a ser cumprido.
E é assim que organizações, cidades e sociedades deixam de sobreviver — e passam a prosperar.
ASSINATURA INSTITUCIONAL
Seja o líder da sua história.
Quando caminhamos juntos, as portas do impossível se abrem e revelam um futuro poderoso e inevitável.
GoPlay.
Ahlex Van der All
Diretor do Grupo AVDA
Mentor em Liderança, Performance, Cultura e Alta Gestão
Criador do IMD – Intelligence Mapping Development
Contato: (11) 95802-5795
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