Por Ahlex All
Uma análise jornalística profunda sobre cultura, maturidade, governança e o futuro humano das OS no Brasil
As Organizações Sociais de Saúde (OSs) ocupam um espaço sensível e estratégico na estrutura do cuidado brasileiro. Elas não são apenas gestoras de serviços públicos — são guardiãs de algo que tem valor imensurável: a vida humana. E justamente por administrarem essa matéria-prima tão frágil, seu desafio é maior do que o de empresas convencionais. Não basta entregar processos; é necessário entregar maturidade, cultura, comportamento, coerência e cuidado humano.
No entanto, apesar dessa responsabilidade gigantesca, muitas OSs ainda operam com crenças antigas, estruturas rígidas, liderança despreparada e baixa inteligência organizacional — fatores que afetariam qualquer empresa, mas que, em saúde, se tornam críticos.
E uma dessas crenças — possivelmente a mais nociva de todas — é a velha máxima:
“sempre foi assim”.
Essa frase, repetida silenciosamente por décadas, explica por que tantas instituições de saúde têm dificuldade de evoluir. Ela parece inofensiva, mas funciona como um sedativo cultural, impedindo avanços, travando inovação e dando sobrevida a comportamentos que já não fazem sentido no mundo atual.
O cuidado mudou.
O usuário mudou.
A forma de trabalhar mudou.
O país mudou.
O planeta mudou.
Mas muitas OSs continuam funcionando numa lógica que lembra mais 2005 do que 2025.
É por isso que, hoje, falar de evolução dentro das Organizações Sociais de Saúde é uma pauta jornalística, técnica, ética, econômica e social.
Não se trata de “gosto”.
Não se trata de “modismo”.
Não se trata de “capricho administrativo”.
É uma necessidade real, urgente e inadiável da sociedade brasileira.
E ignorá-la já não é mais possível.
🌱 O Peso das Crenças Internas e o Impacto Direto no Atendimento
O que diferencia uma instituição de excelência de uma instituição frágil não é o tamanho, o orçamento ou o número de funcionários — é a qualidade das crenças internas.
Crenças são como sistemas operacionais invisíveis que comandam comportamentos.
Nas OS, crenças limitantes se manifestam na rotina:
— atrasos no fluxo assistencial
— ruídos entre setores
— comunicação truncada
— líderes despreparados
— disputas internas
— falta de clareza de papéis
— desgaste emocional
— baixa maturidade
— falta de disciplina organizacional
Isso tudo, inevitavelmente, chega ao usuário.
E há um ponto crítico aqui:
O paciente não sabe onde está o problema — mas sente o problema.
Ele não sabe se a causa está:
— no administrativo que não alinhou o fluxo
— no líder que não treinou a equipe
— na comunicação mal feita
— no setor que não conversou com o outro
— na falta de cultura
— no clima inseguro
— na liderança ausente
Ele só sente o impacto.
E para alguém que está vulnerável — muitas vezes em dor, medo, ansiedade ou fragilidade — esses impactos são profundos.
Além disso, as OSs lidam com dinheiro público, e isso muda absolutamente tudo.
Um erro de gestão numa empresa privada afeta o resultado financeiro.
Um erro de gestão numa OS afeta vidas.
Por isso, o cuidado organizacional não pode ser uma opção — é um dever ético.
🌍 A OS Como Organismo Vivo: Interdependência, Fluxo e Responsabilidade Coletiva
Para entender uma OS moderna, é preciso abandonar a visão de “setores” ou “ilhas”.
Uma OS funciona como um organismo vivo, e cada área é como um órgão vital.
Quando um setor trava, o fluxo trava.
Quando uma liderança é frágil, a cultura se fragmenta.
Quando um processo falha, a segurança é impactada.
Quando uma crença limitante se instala, a evolução paralisa.
O impacto nunca fica restrito a um departamento — ele se espalha.
Um problema administrativo vira um atraso no atendimento.
Um ruído entre setores vira desgaste emocional do colaborador.
Um erro de comunicação vira risco assistencial.
Mas a boa notícia é que o oposto também é verdadeiro:
Boas práticas se espalham.
E se espalham rápido.
OSs que iniciaram movimentos estruturados de cultura, comunicação e liderança observaram melhorias evidentes em atmosfera, eficiência e cuidado.
É por isso que a evolução não pode ser tratada como decisão pessoal de um diretor, mas como responsabilidade sistêmica de todo o ecossistema que a OS sustenta.
⚖ O Ser Humano no Centro: Ética, Maturidade e Propósito
Toda instituição de saúde, pública ou privada, tem no centro um elemento invisível, porém decisivo: o ser humano.
Não apenas o paciente, mas também:
— o colaborador
— o médico
— o técnico
— o administrativo
— o fornecedor
— o gestor
— o parceiro público
— os prestadores
— a comunidade afetada
E todos eles dependem de um insumo invisível: maturidade humana.
Maturidade para lidar com divergências.
Maturidade para comunicar com clareza.
Maturidade para trabalhar sob pressão.
Maturidade para resolver problemas sem criar novos.
Maturidade para sustentar cultura sob estresse.
A falta de maturidade emocional é hoje um dos maiores problemas das OSs brasileiras — e também um dos maiores riscos.
Quando há maturidade, há organização.
Quando há organização, há segurança.
Quando há segurança, há cuidado.
🚀 A Estagnação Cobra Caro — Muito Caro
Toda OS que não evolui paga um preço.
E esse preço é alto — humano, organizacional, social, financeiro e reputacional.
Os sintomas da estagnação são visíveis:
— clima fragmentado
— ruídos constantes
— conflitos internos
— liderança insegura
— turnover alto
— baixa previsibilidade
— desgaste institucional
— dificuldade em atrair pessoas
— atrasos operacionais
— indicadores instáveis
A estagnação jamais é neutra.
Ela sempre cobra — e cobra com juros.
E no setor de saúde, essa cobrança se manifesta no pior lugar possível: na jornada do paciente.
Por isso, evoluir não é uma tendência — é uma questão de sobrevivência institucional e social.
🔎 Travessias Necessárias: O Caminho da Nova Gestão nas OS
Boa parte das OSs já percebeu que não basta “funcionar”.
É necessário funcionar bem, com cultura clara, pessoas maduras e processos inteligentes.
A seguir, os elementos mais críticos — e as instituições que já aplicam esses caminhos de forma comprovada.
🎯 1. Cultura Viva e Disciplina Humanizada
Cultura não é discurso.
Cultura é aquilo que se repete.
E cultura forte é aquela que resiste quando as coisas apertam.
OSs de excelência — e empresas privadas de alta performance — têm em comum uma disciplina cultural firmemente enraizada.
No setor privado, há referências internacionais e nacionais com práticas comprovadas:
🏅 Heineken
🏅 Magazine Luiza
🏅 Natura
🏅 Cimed
No setor de saúde privado:
🏥 Hospital Israelita Albert Einstein
🏥 Hospital Sírio-Libanês
🏥 Hospital Moinhos de Vento
🏥 Rede D’Or São Luiz
🏥 Hospital Alemão Oswaldo Cruz
Essas instituições têm provas públicas de maturidade e eficiência — algo essencial para o público especialista.
📊 2. People Analytics e Decisão Baseada em Evidências
Uma gestão que depende apenas da intuição é uma gestão vulnerável.
Instituições de excelência já entenderam que decisões precisam ser feitas com base em indicadores sólidos de:
— clima
— cultura
— liderança
— maturidade emocional
— engajamento
— riscos comportamentais
— produtividade
— aderência cultural
— segurança psicológica
— competências críticas
🧭 3. Lideranças Preparadas e Consistentes
O maior gargalo das OSs brasileiras tem nome: liderança despreparada.
📈 4. Performance Trimestral Estruturada
O modelo anual de avaliação morreu.
🌟 5. Processos Simplificados e Replicáveis
Processos eficientes são essenciais para garantir fluidez e sustentabilidade no funcionamento da OS.
🥇 6. Indicadores Confiáveis e Estratégicos
Decisões precisam ser fundamentadas em métricas confiáveis.
🌟 Marca Empregadora Forte: A Organização Que Cuida de Quem Cuida
Atrair profissionais bons é fácil.
Reter excelentes exige cultura forte.
🛠 A Auditoria de Gestão Estratégica de Pessoas: O Diagnóstico que Revela o Invisível
Antes de mudar, é preciso enxergar.
E para enxergar, é necessário diagnosticar.
🧩 Os Seis Pilares Estratégicos da Gestão de Pessoas: A Estrutura que Gera Evolução
Os pilares são:
Liderança
Estratégia
Cultura
Comportamento e Fit com o Cargo
Processos
Indicadores
🩺 O Setor Privado Mostra o Caminho — e as OS Precisam Acompanhar
O mundo inteiro está evoluindo.
🤝 A Verdade Final: Para Tudo Funcionar Bem, Todos Precisam Evoluir Juntos
A evolução não é opcional — é inevitável.
Por Ahlex Van der All
Diretor de Gente & Gestão
Cientista Comportamental
Multiespecialista em Cultura, Liderança e Performance
🌐 www.grupoavda.com
